quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O derretimento do Ártico mudou o clima do Hemisfério Norte



A gente fala regularmente da retração do gelo no Ártico neste blog. Mas é difícil dar uma dimensão exata do que está acontecendo em um prazo mais amplo. A comparação acima, feita por pesquisadores da Universidade do Ilinois, nos EUA, é bastante direta. A imagem da esquerda mostra a Terra vista pelo Polo Norte em 15 de setembro de 1980. A da direita mostra o mesmo ângulo em 15 de setembro de 2007.
Setembro é quando o Ártico está no auge da temporada de derretimento graças ao verão do hemisfério norte. Em 2007, o Ártico chegou a menor extensão de gelo já registrada. Desde então, não se recuperou. Os últimos 4 anos também foram de pouco gelo, embora sem bater o recorde de 2007. Este ano chegou perto. Ou até bateu o recorde, dependendo de quem mede. O Ártico perdeu 40% de sua superfície branca desde que as medições começaram em 1979.
Segundo os cientistas, a superfície congelada que desapareceu é equivalente a 44% dos Estados Unidos ou 71% da Europa (sem a Rússia). Entre as consequências imediatas dessa nova geografia, o clima do Hemisfério Norte mudou. A área de oceano livre exposta agora muda os padrões de perda de calor e de evaporação em toda a região. Um estudo recente feito pela pesquisadora Jennifer Francis, da Universidade Rutgers, dos Estados Unidos mostra como o derretimento do Ártico está mudando os padrões de circulação de ar na região. Isso pode aumentar a incidência de eventos anormais no Hemisfério Norte, incluindo secas, ondas de calor e – paradoxalmente – nevascas extraordinárias e até algumas ondas de frio bizarras.


Fonte: ÉPOCA

As lâmpadas incandescentes ganham sobrevida nos EUA



As velhas lâmpadas incandescentes, que quebram, esquentam e desperdiçam energia, ganharam uma sobrevida nos Estados Unidos. O Congresso decidiu que o Departamento de Energia do país ainda não pode começar o processo de eliminação dessas lâmpadas no país. A partir do ano que vem, as lâmpadas de 100 Watts incandescentes começariam a ser retiradas gradualmente do mercado. Até 2014, os EUA estariam livres delas. Os consumidores só poderiam comprar alternativas mais eficientes, como halógenas, fluorescentes ou LEDs. O problema é que essas opções custam mais caro. O início do processo foi adiado em nove meses.
“O povo americano quer menos intromissão do governo em suas vidas. E isso inclui não se meter na decisão pessoal de comprar lâmpadas”, disse parlamentar Michele Bachmann, pré-candidata republicana à presidência e autora do projeto que adia o fim das incandescentes.
O adiamento, em tese, poupa o consumidor. As lâmpadas mais eficientes duram mais e gastam menos energia, por isso a longo prazo o investimento se paga. Mas a troca obriga o consumidor a fazer um desembolso maior agora, investindo nas lâmpadas mais eficientes e mais caras.
A Associação dos Fabricantes de Aparelhos Elétricos (NEMA, na sigla em Inglês), no entanto, disse que o adiamento prejudica a indústria americana. Os fabricantes americanos de lâmpadas já investiram em aumentar suas linhas de lâmpadas mais eficientes. Agora, enfrentarão a concorrência de fabricantes estrangeiros, que vendem incandescentes importadas nos EUA a preços mais baixos que as americanas.
O debate lembra a estratégia americana com os limites de emissões poluentes para os veículos. Por pressão política – e uma dose de demagogia – o país adiou a adoção de limites mais rigorosos para os carros. Enquanto isso, outros países, com o Brasil e as nações da Europa, foram estabelecendo padrões mais estritos. Hoje, a indústria automobilística americana produz carros que não atendem nem aos padrões de emissão da China. E isso prejudicou sua competitividade no mercado global.
(Alexandre Mansur)
Foto: Marcel Klinger
Leia mais: A máquina que come as lâmpadas velhas

As araras maracanã estão sumindo da caatinga



Uma pesquisa recente no Rio Grande do Norte mostrou sinais preocupantes da redução das populações de arara maracanã-verdadeira (Primolius maracana) na caatinga. A situação da ave é bem conhecida no Sul e Sudeste do Brasil. Mas sua condição no Nordeste, mais crítica, é pouco investigada ainda. O estudo, feito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pela Fundação Norte Rio Grandense de Pesquisa e Cultura (Funpec) concluiu que a população dessa ave na Serra da Santana, no estado, está em declínio. O levantamento foi financiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
“Moradores relataram que, antigamente, os bandos que eles observavam eram muito maiores e chegavam a ter até 30 aves. Agora, os bandos são menores, com cerca de 8 ou 10, raramente mais que 10 aves”, diz Mauro Pichorim, coordenador do estudo. A equipe está estudando a sugestão de áreas de conservação para garantir a sobrevivência das aves na região. E a instalação de caixas que funcionam como ninhos artificiais, para facilitar a reprodução da espécie.
A caatinga é um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo. É considerado um dos hot spots de biodiversidade pela riqueza da fauna e flora e pela velocidade como que os ambientes naturais estão acabando. A ararinha azul, estrela do desenho “Rio”, extinta na natureza, foi uma das vítimas dessa devastação.
(Alexandre Mansur)

Fotos: Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

“Espécie continua extinta"

Publicado no Jornal do Commercio, em 18.12.2011.
Osmar José Luiz Júnior, da Unesp, é coautor do artigo científico sobre a extinção de tubarão por conta da pesca no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, que está sendo contestado. Em entrevista por e-mail o biólogo rebate as críticas.

JC – Três mandíbulas de tubarões capturados entre 2009 e 2010 no arquipélago foram identificadas como de tubarão-das-galápagos, mas o senhor diz que eles estão extintos no local desde 1979. Como isso é possível?
OSMAR JOSÉ LUIZ JR – Alguns pesquisadores do laboratório de engenharia pesqueira na UFRPE vem utilizando esse resumo na tentativa de desmentir os resultados de meu artigo. Eu considero isso uma tentativa desesperada de eximir a pesca dos danos causados por ela no arquipélago, já que esses pesquisadores dependem dessa pesca para conseguir os dados de suas pesquisas. Para essas pessoas não importa que o ambiente esteja sendo destruído, desde que elas tenham acesso aos dados dos pescadores. Eu apenas lamento que colegas estejam agindo de maneira tão egoísta com o meio ambiente para benefício próprio. Chega a ser curioso eles apresentarem restos mortais do tubarão em questão, na tentativa de provar que a espécie ainda está viva.

JC – Mas a espécie está ou não extinta no local?

OSMAR – Dizer que a espécie não foi extinta porque três indivíduos foram capturados não refresca o problema, pois ela continua ecologicamente extinta, ou seja, sem capacidade de exercer sua função ecológica devido ao número extremamente reduzido de exemplares.

JC – O senhor contesta as evidências da UFRPE?
OSMAR – Um resumo publicado em anais de um congresso não tem o mesmo rigor científico de um artigo completo de um periódico internacional. Não estou dizendo isso para desmerecer o trabalho deles, mas apenas para enfatizar que o resultado ainda não foi avaliado por terceiros e as fotos das mandíbulas não foram publicadas para que a comunidade científica possa avaliar de maneira independente sua identidade.

JC – A espécie, além do arquipélago, é encontrada onde?
OSMAR – Essa espécie ocorre em ilhas oceânicas isoladas ao redor do mundo, e sua população vem sofrendo uma forte diminuição em todos os lugares onde ocorre. Exemplos de lugares aonde ainda hoje ela pode ser encontrada incluem as Ilhas Galápagos, local que deu o nome à espécie, e nas ilhas do Havaí, ambas no Oceano Pacífico. O Arquipélago de São Pedro e São Paulo era o único local no Oceano Atlântico onde uma população residente desta espécie era registrada.
Leia aqui matéria relacionada.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Estudo revela peixe que se adapta a águas marinhas mais quentes

SYDNEY - Alguns peixes tropicais poderiam se adaptar rapidamente a viver em águas mais quentes, revela um novo estudo australiano, que descobriu que os animais têm uma capacidade maior de sobreviver a temperaturas marinhas mais altas do que se pensava anteriormente.
Cientistas do Centro de Estudos de Corais da Universidade James Cook, em Townsville, Austrália, descobriram peixes que se ajustaram, ao longo das gerações, a um habitat mais quente concebido para refletir elevações nas temperaturas do mar atribuídas ao aquecimento global.
A cientista Jennifer Donelson explicou que quando um peixe-donzela fica exposto a temperaturas da água entre 1,5º e 3ºC acima dos níveis atuais, observa-se um declínio marcante de sua capacidade aeróbica, afetando sua habilidade de nadar mais rápido.
"A primeira geração realmente se esforçou para enfrentar os aumentos de temperatura", afirmou Donelson."Mas com duas gerações mantidas nestas temperaturas, nós vimos que a capacidade aeróbica melhorou", acrescentou.
Donelson, que está concluindo seu PhD na Universidade James Cook, disse que a pesquisa demonstrou que algumas espécies podem se ajustar mais rapidamente às mudanças climáticas, uma vez que o peixe-donzela atinge a maturidade em dois anos.
"A surpresa realmente foi quão rápido isto aconteceu, que tenha levado apenas duas gerações. Penso que todos acham que as espécies serão capazes de se adaptar, mas quanto isto vai demorar era algo desconhecido", afirmou.
O estudo foi projetado para observar como os peixes enfrentariam temperaturas marinhas mais elevadas, esperadas para ocorrer em 2050 e 2100. Os cientistas usaram temperaturas oceânicas tropicais prováveis baseadas em tendências atuais de emissões antropogênicas de dióxido de carbono.
Mas eles alertam que as descobertas se aplicam a uma única espécie de peixe de recife de coral e não responde à questão mais complexa da sobrevivência do hábitat coralino em si ou ao impacto das mudanças climáticas na cadeia alimentar marinha.

Fonte: Da Agência France Presse.

Lançado Atlas Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas

BRASÍLIA - O Atlas Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas do Brasil é voltado para a difusão, entre os estudantes e o público em geral, de informações e conhecimentos atualizados sobre o litoral brasileiro, abordando as dimensões histórica, demográfica, econômica, social, cultural e natural.
A publicação tornou-se realidade a partir de uma ideia concebida pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) e desenvolvida em conjunto com a Coordenação de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE. O objetivo é incentivar a sociedade a pensar, conhecer e valorizar o uso racional da biodiversidade e dos recursos minerais e energéticos presentes nas águas oceânicas, solo e subsolo marinhos, que constituem parte fundamental do desenvolvimento socioeconômico e da sustentabilidade ambiental do país.

O Atlas apresenta ainda a evolução da distribuição da população pelo território e os padrões de ocupação do litoral, tratando de temas socioeconômicos e suas relações com os ambientes costeiros: população, turismo, balneabilidade, recursos pesqueiros, estrutura portuária, logística do petróleo e áreas de preservação e proteção ambiental.

Devido a fatores históricos relacionados à ocupação do território brasileiro e seguindo a tendência mundial da população em ocupar predominantemente áreas próximas ao litoral, o Brasil apresenta 26,6% da população em municípios da zona costeira, o equivalente a 50,7 milhões de habitantes. Parte dessa população está ocupada em atividades, direta ou indiretamente, ligadas ao turismo, produção de petróleo e gás natural, pesca e serviços que atendem à dinâmica econômica gerada por esses municípios e outros próximos. Da assessoria de imprensa do IBGE.


A publicação poderá ser adquirida na Loja Virtual do IBGE







9,2% dos domicílios dos municípios da zona costeira são de uso ocasional
Os 463 municípios da zona costeira possuem 17,4 milhões de domicílios, dos quais 9,2% são de uso ocasional (usado para descanso de fins de semana, férias ou outro fim). Esse percentual nos outros municípios é de apenas 4,6%. A proporção é ainda maior em cidades como Balneário Camboriú (SC), onde 30,3% dos domicílios são de uso ocasional.
Ocupação humana causa impactos nos ecossistemas marinhos e costeiros
A ocupação humana da costa do Brasil causa impactos no bioma marinho e na sobrevivência das espécies que o compõem, tornando necessário definir as áreas de maior importância biológica, assim como as áreas prioritárias para conservação. Toda a costa do estado do Rio Grande do Sul e a parte mais ao sul de Santa Catarina, caracterizada por longas linhas de praias e restingas, relativamente pouco impactadas pela ação humana, estão classificadas como de alta importância biológica e áreas prioritárias para conservação. Quanto aos recifes, a região Nordeste é a que apresenta maior área prioritária para conservação. Ressalta-se que mais de 90% das áreas prioritárias de conservação encontram-se fora das áreas abrangidas por unidades de conservação oficiais.
Espécies marinhas exóticas podem causar desequilíbrio ecológico
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os estados que apresentavam maiores variedades de espécies marinhas exóticas (não naturais da região) em 2009 eram o Rio de Janeiro (36 espécies identificadas) e São Paulo (33). Elas podem causar grande desequilíbrio ecológico nos lugares onde se instalam, situação em que passam a ser consideradas como invasoras. Geralmente as espécies exóticas são introduzidas no Brasil inadvertidamente, transportadas na água de lastro ou mesmo fixadas no casco dos navios oriundos principalmente de portos da Ásia.


Saldo da balança comercial pesqueira em 2010 é dez vezes menor que em 2006
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o saldo da balança comercial pesqueira, que abrange peixes, crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos, tem se tornado cada vez mais negativo. No ano 2000, as exportações do setor representaram US$ 227,5 milhões, enquanto as importações somaram US$ 274,1 milhões, resultando em um saldo comercial negativo de US$ 46,6 milhões. O saldo viria a se tornar positivo entre os anos 2001 e 2005, mas a situação voltou a se inverter em 2006, quando o saldo ficou negativo em US$ 75,2 milhões. Essa diferença foi aumentando com o passar dos anos até se tornar dez vezes maior em 2010 (– US$ 757,2 milhões), quando as exportações somaram US$ 199,4 milhões e as importações totalizaram US$ 956,5 milhões:








Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, a produção nacional da pesca extrativa marinha foi de 484,6 mil toneladas em 2003, subindo gradativamente a cada ano até atingir 585,7 mil toneladas em 2009. Já a produção da aquicultura marinha (cultivo de organismos marinhos) caiu de 101,6 mil toneladas em 2003 para 78,3 mil toneladas em 2009:


Fonte: Da assessoria de imprensa do IBGE.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

2011 é o décimo ano mais quente desde 1850

SÃO PAULO, SP - O aumento na temperatura tornou 2011 o décimo ano mais quente desde 1850, quando os cientistas passaram a medir a temperatura mundial, diz a Organização Meteorológica Internacional. O relatório da agência de meteorologia ligada à ONU indica também que a extensão do gelo ártico é a segunda menor da história.
Os dados, divulgados na terça (29) na COP-17 (conferência do clima da ONU), mostram que a temperatura sofreu uma pequena redução pela ação do La Niña, fenômeno que costuma provocar o resfriamento do Pacífico. Mas, ainda assim, 2011 foi considerado um ano quente para os padrões históricos.
Nossa ciência é sólida e prova inequivocamente que o mundo está se aquecendo, e esse aquecimento é em razão da atividade humana, disse Michel Jarraud, secretário-geral da organização. Ele acrescentou que as emissões de gases-estufa estão nos níveis mais altos de todos os tempos, o que pode levar a um aumento de 2ºC a 2,4ºC na temperatura global.
A organização também alertou para o degelo no Ártico.
Em 9 de setembro, a área do gelo chegou a 4,33 milhões de km2, número 35% inferior à média entre 1979 e 2000 e pouco superior ao recorde mais baixo, de 2007.
Da Folhapress.