Publicado no Jornal do Commercio, em 18.12.2011.
Osmar José Luiz Júnior, da Unesp, é coautor do artigo científico sobre a extinção de tubarão por conta da pesca no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, que está sendo contestado. Em entrevista por e-mail o biólogo rebate as críticas.
JC – Três mandíbulas de tubarões capturados entre 2009 e 2010 no arquipélago foram identificadas como de tubarão-das-galápagos, mas o senhor diz que eles estão extintos no local desde 1979. Como isso é possível?
OSMAR JOSÉ LUIZ JR – Alguns pesquisadores do laboratório de engenharia pesqueira na UFRPE vem utilizando esse resumo na tentativa de desmentir os resultados de meu artigo. Eu considero isso uma tentativa desesperada de eximir a pesca dos danos causados por ela no arquipélago, já que esses pesquisadores dependem dessa pesca para conseguir os dados de suas pesquisas. Para essas pessoas não importa que o ambiente esteja sendo destruído, desde que elas tenham acesso aos dados dos pescadores. Eu apenas lamento que colegas estejam agindo de maneira tão egoísta com o meio ambiente para benefício próprio. Chega a ser curioso eles apresentarem restos mortais do tubarão em questão, na tentativa de provar que a espécie ainda está viva.
JC – Mas a espécie está ou não extinta no local?
OSMAR – Dizer que a espécie não foi extinta porque três indivíduos foram capturados não refresca o problema, pois ela continua ecologicamente extinta, ou seja, sem capacidade de exercer sua função ecológica devido ao número extremamente reduzido de exemplares.
JC – O senhor contesta as evidências da UFRPE?
OSMAR – Um resumo publicado em anais de um congresso não tem o mesmo rigor científico de um artigo completo de um periódico internacional. Não estou dizendo isso para desmerecer o trabalho deles, mas apenas para enfatizar que o resultado ainda não foi avaliado por terceiros e as fotos das mandíbulas não foram publicadas para que a comunidade científica possa avaliar de maneira independente sua identidade.
JC – A espécie, além do arquipélago, é encontrada onde?
OSMAR – Essa espécie ocorre em ilhas oceânicas isoladas ao redor do mundo, e sua população vem sofrendo uma forte diminuição em todos os lugares onde ocorre. Exemplos de lugares aonde ainda hoje ela pode ser encontrada incluem as Ilhas Galápagos, local que deu o nome à espécie, e nas ilhas do Havaí, ambas no Oceano Pacífico. O Arquipélago de São Pedro e São Paulo era o único local no Oceano Atlântico onde uma população residente desta espécie era registrada.
Leia aqui matéria relacionada.
Erivelto Lacerda "Meio Ambiente uma questão de Sustentabilidade"
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