segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Extinta espécie de tubarão do Arquipélago de São Pedro e São Paulo

Peixe restrito a ilhas oceânicas ao redor do mundo, no Atlântico o tubarão-das-galápagos era encontrado apenas no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, a 1.600 quilômetros do Recife. Agora, artigo científico mostra que a espécie está extinta nesse oceano. A causa, segundo os pesquisadores, é a pesca excessiva.
“O declínio populacional da espécie coincide com o início da pesca no arquipélago após quase 200 anos em que ela vinha sendo registrada como extremamente abundante no local”, diz o autor do estudo, Osmar José Luiz Júnior, da Universidade Estadual Paulista.
O pesquisador analisou citações do animal, cientificamente chamado Carcharhinus galapagensis, desde 1799. Por dois séculos, inicialmente exploradores, e depois expedições científicas, citaram a presença do tubarão no entorno do conjunto de 15 ilhotas que constituem o arquipélago. O desaparecimento coincide com a ocupação de São Pedro e São Paulo, pelo governo brasileiro, para garantir a soberania sobre a exploração dos recursos naturais existentes num raio de 200 milhas náuticas (ou 360 quilômetros) da costa.
É que o País havia assinado, em 1982, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) e, para ter domínio sobre o arquipélago, tinha que comprovar que explorava não só científica como economicamente o local. No artigo, publicado recentemente na revista Biological Conservation, Osmar Luiz analisa ainda os impactos da extinção do peixe sobre a cadeia alimentar. Uma deles é o aumento da população de moreias.
Antes predadas pelos tubarões-das-galápagos, um dos 10 tipos de tubarões encontrados no arquipélago, elas agora se transformaram numa ameaça a uma espécie de peixe menor, o anthias-de-são-pedro-e-são-paulo. O animal é endêmico, ou seja, é encontrado apenas no local. A eliminação do tubarão-das-galápagos pode fazer com que a população de animais dos quais ele se alimentam aumente descontroladamente. “Isso resulta num efeito dominó que pode desestabilizar o ecossistema.”
Entre as dez espécies de tubarão encontradas no arquipélago, o das-galápagos é considerada a mais ameaçada. “Ela possui hábitos mais sedentários e vive apenas próximo ao litoral das ilhas ao invés do mar aberto”, justifica o professor. Outras espécies como o tubarão-de-lombo-preto (Carcharhinus falciformis) e tubarões-martelo (Sphyrna lewini) também são capturadas por pescadores. “Mas trata-se de animais oceânicos e, em razão da grande área que sua população pode se espalhar, é mais difícil dizer com certeza se a pesca vem ameaçando sua existência”, diz Osmar Luiz.
O pesquisador, no entanto, informa que estudos em andamento têm mostrado que a captura de lombos-pretos vem diminuindo nos últimos anos, indicando um possível declínio populacional. O biólogo recomenda a interrupção imediata das pesca de tubarões no arquipélago. Apesar da espécie não ser vista por pesquisadores que mergulham no local há quase 20 anos, há relatos de que pescadores tenham capturado recentemente exemplares. “Com isso, concluo que a pesca não só exterminou a espécie no arquipélago como também vem impedindo a sua recolonização.”

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