quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Azeite com eco-etiqueta a partir de 2013



Numa reunião que decorreu recentemente, em Guimarães, ficou definida a realização de jornadas e mesas de trabalho, dirigidas às empresas e demais entidades públicas e privadas do sector oleícola, que permitirão a recolha de informação e validação de metodologias e ainda a difusão de resultados finais, previstos para Dezembro. “O OiLCA visa promover a competitividade do sector oleícola do sudoeste europeu e culminará na implementação de uma eco-etiqueta, indexada ao produto oleico, capaz de comunicar ao consumidor o esforço e contribuição do sector para proteger o meio ambiente e mitigar as alterações climatéricas”, explica Jorge Araújo, do CVR.

O azeite do sudoeste da Europa, que representa 47 por cento da produção mundial, terá a partir de 2013 uma eco-etiqueta que garante o respeito pelas normas ambientais e a indicação da pegada de carbono no processo produtivo. A investigação envolve o Centro para a Valorização de Resíduos (CVR) da Universidade do Minho, a Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD) e quatro centros tecnológicos de França e Espanha. O consórcio designa-se OiLCA.
Pretende-se proporcionar às empresas uma ferramenta que permita avaliar, de um ponto de vista ambiental e económico, tantos os seus processos produtivos como os impactes resultantes das possíveis alterações nos mesmos, identificando os melhores cenários sustentáveis e eco-eficientes.

Para isso serão realizadas análises à pegada de carbono, ao ciclo de custos e ao volume de resíduos produzidos por região. Para quantificar as emissões de gases com efeito de estufa será usada como ferramenta a análise de ciclo de vida (ACV), passando por todas as fases de produção. Além do CVR e da AOTAD, o consórcio inclui a Fundação Citoliva (chefe de fila), Fundação CTM Centro Tecnológico, Instituto Andaluz de Tecnologia e Instituto Nacional Politécnico de Toulouse.

Rentabilizar os resíduos

As qualidades intrínsecas do azeite e o seu elaborado cultivo, extracção, refinação e embalagem conferem-lhe um custo quatro vezes superior aos óleos alimentares tradicionais, como o de girassol, obtido desde uma semente oleoginosa e não de um fruto. Da azeitona é possível extrair 20 por cento do seu peso em azeite, sendo o restante, chamado bagaço, uma mistura de caroço, polpa e azeite remanescente, resíduo que é quatro vezes maior do que o produto de interesse.

O sudoeste europeu produz 7.25 milhões de toneladas de bagaço ao ano, sendo imprescindível identificar e potenciar oportunidades de gestão segundo as tecnologias disponíveis e emergentes que antevejam ganhos ambientais e económicos, perante um contexto de crise energética e da crescente preocupação ambiental dos cidadãos.

O consumo de azeite aumentou na Europa mais de 50 por cento nos últimos 20 anos, alcançando 1,85 milhões de toneladas em 2009. No mesmo período, Portugal mais do que duplicou a sua produção, de 26 mil para 68 mil toneladas, e em simultâneo reduziu para metade o total de lagares (de mil para 500), com tecnologia moderna e avançada. O país produz 70 por cento do azeite que precisa e está a caminho da auto-suficiência meio século depois. Admite-se ultrapassar em breve as 100 mil toneladas de produção anual do chamado “ouro líquido” e reforçar o volume das exportações, sobretudo para o Brasil

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